Sony
No final de 2010, um grupo de hackers dedicados — denominado fail0verflow — anunciou que havia conseguido quebrar o sistema de segurança do console e que, em pouco tempo, lançaria um pacote de aplicativos para que todos os donos da plataforma pudessem rodar o que quisessem em seus video games.
Por sinal, vale reinterar aqui que os próprios hackers do grupo fail0verflow se posicionam contrários à pirataria. O “desbloqueio” do PlayStation 3 visa apenas assegurar o direito do consumidor de poder executar o código de sua preferência.
No entanto, a façanha do fail0verflow foi rapidamente superada por outro grande hacker, George Francis Hotz — ou GeoHot para os íntimos. George Hotz (responsável pelo hack do iPhone) foi além e, simplesmente, entregou a “chave-mestra” do PlayStation 3.
GeoHot encontrou a chave de criptografia privada do firmware, ou seja, a senha que diz ao console se o software é legal e pode ser rodado. A divulgação da chave de criptografia causa um problema gigantesco para Sony porque, salvo alguma solução milagrosa, não tem como resolver a questão sem “desabilitar” todos os softwares já produzidos para o console.
Não entendeu? Imagine o seguinte, todos os jogos e produtos já lançados para o PS3 possuem um crachá com o mesmo número. Para entrar no edifício PlayStation3, eles têm que passar com esse crachá na portaria. Assim, o porteiro só deixa entrar no prédio quem tem o tal crachá. O problema é que alguém está entregando cópias deles para qualquer um.
A solução mais simples seria avisar o porteiro que agora o número dos crachás mudou, certo? Errado. Porque todos os outros crachás que já foram emitidos têm o número antigo. Se o porteiro só pode liberar a entrada para o novo número, todos que estiverem com o crachá antigo serão barrados, mesmos os cartões oficiais. Entenderam o tamanho do problema?
Agora, de posse da chave de criptografia, os hackers poderão desenvolver qualquer tipo de aplicativo para o console. Assim, já estão correndo pela internet aplicativos independentes (homebrew) que rodam sem restrição no PlayStation 3 desbloqueado.
Homebrew
Feito em casa
Depois que GeoHot divulgou a chave, tudo ficou muito fácil. O próprio desbloqueio é feito rapidamente por meio de um simples pendrive: basta baixar o arquivo de atualização da firmware 3.55 e colocar o conteúdo do pacote Jailbreak.zip disponibilizado originalmente por GeoHot.
Com a atualização “preparada” no pendrive, o console reconhecerá o arquivo automaticamente. O procedimento é o mesmo de uma simples atualização e, agora, uma série de aplicativos caseiros já começa a pipocar pela internet.
Entre os mais interessantes está o retorno do Linux ao PS3 e uma lista de emuladores capazes de rodar jogos de outras plataformas diretamente no PlayStation3, como o snes9x 4.4.1, Mednafen Genesisplus e o Final Burn Alpha Multi-Arcade Emulator.
Além destes, várias ferramentas de programação que permitem a criação de jogos já estão se espalhando. Já se especula a introdução de várias outras funcionalidades como a introdução de suporte para reprodução de vídeo formato MKV e desbloqueio de região dos discos de DVD e Blu-ray.
O desenvolvimento de aplicativos caseiros para o PS3 destravado também pode trazer suporte para controles, drivers e outros periféricos USB e bluetooth não oficiais — quem sabe até a possibilidade de utilizar controladores do Xbox 360 e Nintendo Wii.
Outra funcionalidade interessante que pode aparecer em breve nos sites especializados é a capacidade de “remapear” os botões do controle — permitindo a personalização dos controles para cada jogo. Novos aplicativos também podem trazer uma navegação de internet mais rápida.
Também podemos esperar o lançamento de vários leitores de texto, com suporte para os principais formatos como PDF e txt., bem como o desenvolvimento de softwares de leitura especiais, como os comic readers (para a leitura de revistas em quadrinhos).
Porém, os homebrews mais aguardados são os de jogos com suporte para o Move e PSEye. Pense na onda de hacks do Kinect, mas na forma de jogos caseiros para o PlayStation Move.